Qual é a sua raça?

Somos todos vira-latas e exigimos pureza de raça dos animais
-Você tem cachorro? Que legal! Qual a raça dele?
-Não sei. Qual é a sua raça?
Essa é a pergunta que eu tenho vontade de fazer. Por que é tão importante a raça? O que isso define exatamente em um cachorro?
Nunca tive cachorro de raça, mas tive cachorros com muita raça. São vira-latas lindos, fiéis, fortes, saudáveis, gentis, amorosos e muito gratos por terem sido privados de uma vida de sofrimento. Isso basta? Ou é necessário um papel dizendo qual é a raça e quem são seus descendentes? Eu não sou pura. Sou bisneta de negros, índios, portugueses e, provavelmente, árabes. E eu, como uma legítima vira-lata, tenho também cachorros vira-latas.  Isso me diminui?  É bem capaz, já que meus semelhantes façam tanta questão de uma raça definida.
A sociedade vive de rótulos. Colocam produtos, sentimentos, pessoas e animais, cada qual em sua devida prateleira, sem admitir hibridismo. Hipocrisia! A maneira como tratamos animais, que não são escoltados por leis contra preconceito é o modo como pensamos a respeito dos seres humanos. Desta forma, se você é mestiço, negro, gordo, pobre, homossexual ou possui qualquer outra característica que a sociedade, mesmo que de forma velada, dá um jeito de excluir, pense duas vezes antes de exigir a raça de um animal.Você está fazendo com eles exatamente o que fazem com você.

Agora, se do contrário, você se considera perfeito, puro, completamente dentro do conceito exigido para a primorosidade do coletivo, vá em frente! Compre um cachorro caríssimo, exija raça, pedigree e, de preferência, abuse do animalzinho reproduzindo e vendendo os filhotes. Assim você estará completamente inserido no conceito da sociedade perfeita. Meus parabéns!
E só mais um conselho: da próxima vez que for perguntar qual a raça do cachorro de alguém, já tenha na ponta da língua qual é a sua raça. Assim, poderemos ser bastante criteriosos a respeito de raças e da importância que cada uma delas representa e separar devidamente os com raça dos sem raça. Eu, vira-lata que sou, provavelmente não poderei estar ao seu lado. Boa viagem e boa sorte em sua visão limitada!

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5 comentários:

  1. Oi! Eu não tenho nada com isso, eu sei. Mas veja se consigo fazer algum sentido.

    Perguntar qual é a raça do cachorro é uma pergunta legítima... não acha? Afinal, existem muitas raças de cachorros, das mais curiosas às mais entediantes. Por outro lado, a única raça de humanos é a que anda na terra atualmente. As outras se perderam ou se misturaram, dependendo do paleontólogo que você perguntar.

    As raças existem para organizar as diferentes características dos animais. Acredite, se houvesse características diversas suficientes entre os humanos, teríamos que criar raças. É assim que fazemos. Organizamos. Damos nomes às coisas, criamos grupos, modelos, sistemas. Você deu um nome ao seu cachorro, acredito. Isso é rotulá-lo. Não quer dizer uma coisa ruim, quer dizer que você saberá identificá-lo, sempre que precisar acessá-lo. A mesma coisa funciona para as raças, se é que me entende.

    Agora, como utilizamos essa organização, para o bem ou para o mal, depende de cada um. Pobrezinhos dos amantes de cães, ou dos desavisados que te perguntam qual é a raça do seu cãozinho. Às vezes eles queriam apenas jogar conversa fora ou se identificar com o cãozinho. Nem todo mundo carrega essa bagagem negativa por trás das perguntas.

    Se você quiser dar um tom de arrogância na sua resposta, assim como acabei utilizando um pouquinho para dar a minha, você pode dizer que o seu cão não possui características suficientes para classificá-lo em qualquer das raças organizadas pelo homem. Ou então, dar um sorriso e dizer que ele reúne incontáveis características e, portanto, a raça dele é única. Ou a saída mais comum - dizer que ele é vira-lata/mestiço. Que tal?

    Ah, a minha raça, até onde sei, é a humana :)

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  2. Marco Túlio, nem todas as pessoas têm necessidade de classificar e rotular. Nomes próprios não rotulam, são apenas nomes. Você está muito limitado em suas observações, caro humano. Eu não classifico nada e nem ninguém, muito menos os animais.

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  3. Oi Letícia bom dia!
    Sou muito fã do Luluzinha FC, pena que acabou!
    Gosto muito dos seus textos, mas concordo com o Marco Túlio, perguntar a raça do cachorro é uma coisa normal, não vejo nenhuma maldade nisso. Às vezes a pergunta é só pra “jogar conversa fora”.
    Tenho um cachorro, vira – lata que se chama Ovo, digo que ele é meu filho mais velho. É impressionante como ele se tornou um verdadeiro membro da família. Já deixei de ir jogar bola por que ele ia ficar sozinho em casa. A raça dele é a minha raça, um feliz vira-lata.

    Muitas felicidades e sucesso para você.
    Sidney P.

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  4. Letícia gostei de mais da sua historia,tenho trez viratas
    e são muito lindos

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  5. Leticia gostei de mais da sua hisoria,tenho trez vira latas e o amos de mais.

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