
Quando era molestada pelo avô, fechava os olhos e fingia que voava. Deixava sua imaginação vagar por reinos inexistentes, até que seu avô estivesse saciado. Tão acostumada estava em viver no mundo criado, a menina não olhava nos olhos de ninguém e nem sorria. Não havia conexão entre ela e o mundo.
Vendida por alguns cruzeiros, ela aceitou sua sina e pôs-se a caminhar ao lado daquele que seria seu dono a partir de então. O irmão correu e a abraçou. Soluçando disse ao seu ouvido que a buscaria. Ela não acreditou, mas para tranquilizá-lo sinalizou positivamente com a cabeça.
Aos dez anos conhecia a dor da perda e a repulsa por ter seu corpo desejado. Para ter forças, andou sem olhar para trás e teve a certeza de que sempre seria separada daquilo que mais amava.
Imagem: Simpatia e esculacho
Que nó na garganta.
ResponderExcluirQue lindamente triste!
ResponderExcluir"Tantos sonhos, tantos desejos e uma só realidade. Sua vida se resumia a sonhar; fazia de conta até que pudesse acreditar na própria mentira."
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