
Sempre foi notório que não devota grande simpatia pelo bicho homem. Ao contrário, tende a enxergar defeitos enormes na humanidade e a lastimar profundamente por ser um dos tantos animais absolutamente irracionais. Porém, sem muita explicação, algumas pessoas conseguem cativá-la, tocando em algo que a motive a conviver amigavelmente e a expressar grande carinho.
Quando isso acontece, ela dedica-se com afinco à amizade. Torna tal pessoa centro de referência, atenção e cordialidade, fechando os olhos até para os defeitos mais visíveis. Para ela, todos os que conseguem tocar em seu íntimo são perfeitos em todos os sentidos.
Assim como chega, vai. O carinho que sente não avisa que está indo embora. Ela simplesmente começa a ver o que antes estava oculto só aos seus olhos e toma pavor. Sem limites, ela aprofunda de tal maneira no universo alheio, que acaba por concluir que desgosta de tal pessoa. Desgosta não, odeia! O sentimento negativo vem com a mesma intensidade que o positivo e aí as qualidades murcham restando somente os defeitos. Ah, agora ela vê claramente quão grandes são os narizes e quão voraz é a mesquinhez e enoja-se ao imaginar que conviveu com ser tão defeituoso.
Jeito insano de se relacionar. Tinha pena de si por não sabe viver cordialmente na superficialidade. Enxerida! Pra quê conhecer todos os buracos? As pessoas normais se relacionam conversando amenidades, Por que ela precisava sentir o cheiro do fundo das almas? Só para chegar a conclusão que as almas são rasas, escuras e fétidas? Tantas vezes quantas amou, odiou. Era inevitável. E se perguntava se as pessoas esqueciam das máscaras após um tempo de relacionamento, ou se as máscaras eram postas por ela mesma, que não suportava a realidade da face humana.
Imagem- Gtanunciata
Nenhum comentário:
Postar um comentário