Futuros leitores

Os livros infantis e juvenis abusam de formas, cores e textura para seduzir o público alvo. Os temas abordam o universo dos leitores e buscam com isso motivar a prática da leitura. Para a produtora cultural da Biblioteca Pública de Belo Horizonte Luzia Lima a leitura é um hábito e deve ser estimulado desde a primeira infância. Para ela as crianças que ainda não sabem ler se interessam por livros que se comunicam sem palavras. "Existem livros feitos de pano, de plástico para a hora do banho, livros que tocam música e até com cheiros. A criança se sente motivada a buscar o livro quando este interage com o universo dela",afirma Luzia.

Verônica Santos, de 5 anos, confirma a explicação da incentivadora cultura. Deitada em almofadas coloridas e cercada de objetos lúdicos no espaço infanto-juvenil da Biblioteca Pública, Verônica se delicia com um livro. Ela, que ainda não sabe ler, diz adorar as figuras e os desenhos. Kátia Tereza, tia da menina, é professora de português e falou que incentiva o gosto pelos livros desde que a sobrinha era um bebê.

Thiago Lages, de 11 anos, define a leitura como seu passatempo predileto.Ele diz adorar livros de aventuras e ficção cientifica. O garoto tem bastante incentivo dos pais e da escola, mas afirma que não lê por isso e sim porque a leitura leva a mundos nunca antes sonhados. Para ele o livro é como um companheiro. "A literatura permite sonhar e acreditar que isso pode ser alcançado", diz encantado.

Paulo de Ávila, auxiliar administrativo, é pai de Ana Letícia de 7 anos. Segundo ele, a menina foi apresentada aos livros desde muito pequena. Com a ajuda de livros apropriados a leitura foi fazendo parte da criação de Ana Letícia que hoje busca sozinha os livros que gosta de ler. Paulo acredita que a leitura forma não só um bom aluno na língua portuguesa, como também um estudante mais preparado para todas as matérias.

Para a psicóloga Maria Alice Damasceno o livro ajuda na formação cultural, social e psicológica da criança. Ela acredita que quando a criança compreende as historias, ela pode vivenciar um mundo além do que ela pertence e aprender a conviver com seus conflitos.De acordo com ela, os pais tem papel fundamental na motivação à leitura para a formação de leitores.“Desde a mais tenra idade os pais devem levar a criança a brincar com livros. Depois de uma certa idade não adianta querer que a pessoa goste da leitura de autores mais prolixos, pois ela não foi acostumada com a leitura”, afirma.

A psicóloga acredita que existem diversas maneiras de aproximar uma criança do mundo literário sem que ela sinta que a leitura é uma obrigação e acabe transformando a atividade em algo tedioso. “O teatro e a leitura de histórias são expressões literárias que prendem a criança. É preciso usar esses recursos para que o mundo literário seja valorizado”, explica.

Crianças que há pouco corriam pela praça, sentam-se e parecem viver a história contada pelo narrador. Os pais, tão interessados quanto os filhos, fixam o olhar e esperam atentos pelo fim do conto. Os trejeitos, o tom de voz e a imitação de sons usada pelos contadores fascina crianças e adultos no espetáculo "Contos para a Família", que faz parte do projeto Feira de Histórias. O projeto, do Instituto Cultural Aletria, integra o programa da Prefeitura de Belo Horizonte e da Belotur de revitalização da feira Tom Jobim e é realizado todos os sábados, no quarteirão fechado da Avenida Bernardo Monteiro, Centro de Belo Horizonte.

O contador de histórias Welerson Pimenta gesticula, improvisa e arranca risadas do público contando a história que ouvia da avó quando era pequeno. Todos aguardam o que vai acontecer com menina levada que desobedeceu o pai e acabou em apuros. As crianças participam, interferem na história e ajudam na solução dos problemas vividos pelos personagens. O contador responde, interage e o resultado é uma história descontraída, envolvente e que agrada a todos.

A secretária Viviane Miranda, 41 anos, e o analista contábil Ângelo Lopes, 36 anos, levaram os três filhos para ouvir histórias. Viviane conta que os filhos gostam muito de ler e que por isso em sua casa têm bastante livros. "Algumas vezes eu chamo para a leitura, mas na maioria eles pegam os livros e escolhem o que querem ler". Segundo ela, até a filha mais nova, Ana Clara, de 1 ano, gosta dos livros e mesmo sem saber ler fica olhando as figuras.

Na casa de Viviane a leitura está tão presente que o filho mais velho, Alison Miranda, de 15 anos, já até se arriscou em contar histórias para crianças mais novas da escola onde estuda. "Foi uma experiência muito boa, eu gostava de ver que elas estavam prestando atenção, entendendo e se divertindo", disse orgulhoso. Sua irmã, Vitória, de 8 anos, não fica atrás e uma das coisas que mais gosta de fazer é ler. A garato busca nos livros contos encantados de fadas e princesas. " As histórias são lindas e nos fazem sonhar".



Entrevista com a psicóloga Maria Alice Damasceno



Entrevista com Paulo de Ávila, pai de Ana Letícia de 7 anos

Livros Infanto-juvenis

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