Presos nas amarras de uma cultura é confortável julgarmos as demais. O julgamento é inerente ao ser humano e, com a limitação de nossa visão, consideramos o nosso ponto de vista correto. Ao fim da leitura de “Mensagem de uma mãe chinesa desconhecida”, da escritora chinesa Xinran, não pude deixar de sentir remorso pelo forte julgamento que dirigia às mulheres chinesas que abandonam ou matam suas filhas ainda bebês. O ato, principalmente o assassinato, ainda me causa repúdio, mas depois de ver os relatos das mães chinesas à jornalista Xinran, compreendi que o problema foge aos limites de meu julgamento.
No fim da década de 70 a China implantou a política do filho único como forma de controle populacional. Na cultura chinesa é necessário que se tenha um filho homem para que os ancestrais tenham paz e também para garantir o sustento familiar, uma vez que a filha depois de se casar torna-se membro da família do marido.
A política de controle populacional ocasionou inúmeras mortes e abandonos de meninas. O fato foi amplamente explorado pela mídia internacional, sem que, contanto, fosse oferecido uma solução ou dimensionado o sofrimento das famílias que cometem tal ato. O que me comoveu na leitura de “Mensagem de uma mãe chinesa desconhecida” foi ter conhecimento da dor das mulheres que se veem obrigadas a abrir mão de suas filhas.
A aparente frieza de algumas e a aceitação do sistema que culmina na eliminação de crianças saudáveis me chocou. O sofrimento de mulheres que foram obrigadas a cometer o mesmo ato, também. As histórias de personagens diferentes, mas com destinos semelhantes, me deixaram emocionada até o final. O texto de Xinran é capaz de demonstrar com muita clareza todas as emoções vividas por essas mulheres e de mostrar ao leitor a impotência dessas diante da rígida política. Xinran fundou a organização 'The Mothers' Bridge of Love', que busca auxiliar orfãos chineses e estreitar a compreensão entre Ocidente e China, e ao final do livro relata sua estreita relação com o tema e surpreende com sua própria história.
é, a nossa cultura é, talvez, um pouco menos brutal; a corrupção e a ladroagem que vivemos aqui está arraigada desde os tempos do imperio portugues e é muito dificil nos livrarmos dela, a dos chineses
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