Envelhescência, a um passo da velhice

Outro dia, vi nascer minha primeira ruga de expressão. Que desastre! Eu estiquei a cara de um lado para o outro, passei toneladas de cremes, mas eu sei que essa é apenas a primeira de várias que irão transformar meu rosto e minha vida. O mundo é dividido entre quem tem rugas e quem não tem. Ao menos o mundo das mulheres.

O que senti foi exatamente igual ao que sofri quando o meu corpo começou a se transformar para entrar na vida adulta. Eu me lembro bem do meu desespero ao ver os pelos pubianos nascendo. Eu ainda me sentia criança, e não gostei nada de ver “aquilo” lá. Nem pensei. Corri e passei gilete, tirei tudo. Queria ser criança e não vi o menor sentido em ter pelos espalhados em meu corpo infantil. E fui adiando a entrada no mundo adulto o quanto pude. Relutei em usar sutien, continuei a brincar com bonecas e a manter a cabeça e o resto do corpo longe dos meninos. Mas chegou o dia em que eu simplesmente aceitei: já não era mais menina.

Nesta fase sinto-me novamente lutando contra o ciclo biológico. Cremes contra rugas podem me dar mais algum tempo com a cara esticadinha, mas não vão impedir a mudança. Continuo, como na adolescência, criando um mundo ilusório no qual eu tenha a idade que eu quiser. A diferença é que agora eu mantenho a cabeça, e outras partes do corpo, bem próxima dos meninos.

Para a nossa sociedade, já não me enquadro entre os jovens. E, assim como a criança que entra na adolescência, estou cheia de dúvidas sobre “quem eu serei” quando isso tudo acabar. Estou na envelhescência, com direito a alterações de humor e tudo mais. Só que ao invés de espinhas, nascem rugas, no lugar do crescimento do corpo, vem a lei da gravidade, que nada perdoa.

E o mundo a minha volta mudou também. No lugar de "aquela menina", passou para "aquela moça" e, em breve, serei "aquela senhora". Certa vez, em uma festa, fui extremamente humilhada. Um garoto com pouco mais de 18 anos me chamou de tia. Pior, “tiazona”. Eu estava me sentindo muito bem até ser absolutamente ofendida. O moleque ainda achou que estava me agradando, pois até onde entendi era uma cantada. Ele disse que nunca havia "pegado" uma "tiazona". Pensei em várias respostas que poderiam deixar o infeliz que teve a audácia de pronunciar tal palavrão envergonhado, mas a única coisa que saiu da minha boca, exatamente como uma senhora faria, foi:“você me respeite!”. Pra mim, a noite acabou ali.



4 comentários:

  1. Adorei a materia sobre Fidel e vc como sempre mto perspicaz em sua objeçoes!!!

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  2. Hahahahaha...

    Eu acabei de fazer 39!! Estou qse nos enta, amiga!

    E sabe de uma? Estou felizona.

    Creio que o segredo é saber envelhecer. Envelhecer sem a sabedoria para encarar esse processo numa boa pode levar à loucura. E vejo muita gente enlouquecendo de verdade por aí.

    Além disso, precisamos ter a consciência de que esse lance de rugas, gravidade e tal é inevitável e de que você não está sozinha, pois TODAS AS PESSOAS começam a envelhecer logo no momento em que nascem.

    Pronto. Desencanei.

    Bjks,

    Claudinha.

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  3. Ai, bonita, detesto aumentar os números da minha idade. Terror e pânico!!!!!!! É não falo minha idade nem por um leque de notas de cem balançando na minha cara rssss. A melhor maneira de eu não sentir que estou ficando velha é fingir que não saio dos 29 nunca mais! kkkkk

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  4. Hahahaha...

    Que viagem!!

    Pois eu não tenho a menor neura de dizer idade.

    Só tenha cuidado p não se tornar uma daquelas velhas ridículas q pensam q pararam no tempo, qdo tá todo mundo vendo q já são umas senhorinhas... rs.

    Envelhecer c dignidade, amiga... Com dignidade.

    Bjks.

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