Jornalismo? Boa sorte!

Além de todos os quesitos exigidos para a profissão de jornalismo é preciso mais um. A sorte! Pelo menos isso é o que afirmou o jornalista Domingos Meireles na inauguração das comemorações do centenário da Academia Mineira de Letras. Na quinta-feira, 03, o jornalista lançou seu livro “1930- Os órfãos da Revolução” e uma nova preocupação na cabeça dos futuros profissionais de jornalismo.

Todos que decidem se dedicar à nobre profissão, já sabem que é necessário conhecer de literatura, política, história, gramática, informática, inglês, espanhol, música, geografia, atualidades, antiguidades e infinitos outros assuntos que podem resolver cobrar de um jornalista e ele se sentirá coagido a saber. Agora vem essa novidade, só o talento não basta, é preciso ter sorte.

Domingos Meireles era vendedor de máquinas de escrever, não se formou em jornalismo e aos 22 anos foi trabalhar no jornal A Última Hora. Com um ano e quatro meses de profissão foi contratado pela Editora Abril e por conta de duas matérias de repercussão, segundo suas próprias palavras, foi convidado a trabalhar na Revista Realidade, um veículo conceituado na época e com grandes profissionais. “Eu não me julgava qualificado e nem merecedor da Revista Realidade, mas eu tive sorte”, afirmou.

Certamente Domingos Meireles possuía talento e hoje não podemos dizer que somente contou com a sorte. Aos 65 anos, o jornalista publicou dois livros e trabalhou nos principais veículos de comunicação do país. Seu trabalho de pesquisa nos livros “A noite das grandes fogueiras” e “1930: Os Órfãos da revolução” é fantástico e a narrativa é inteligente. Como jornalista, contribuiu com grandes matérias de relevância.

Não quero julgar o trabalho de Domingos Meireles, e sim questionar a justiça de uma profissão que exige muito, oferece pouco e além de contar com critérios de indicações e apadrinhamentos, ainda necessita de sorte.Todo mundo fala do quanto um estudante de direito e medicina tem que estudar, ler e aprofundar conhecimento. Mas nunca ouvi ninguém dizer que um estudante que leva a sério o jornalismo se dedica. O estudante de jornalismo, e o próprio profissional, é constantemente cobrado pelo mercado, pela sociedade e por ele mesmo a saber tudo sobre tudo.

Se em uma mesa de bar alguém levantar uma conversa sobre a Quirguízia e um jornalista estiver presente, imediatamente vão fazer-lhe cobranças de onde fica, quais os costumes do país, as condições climáticas, socioeconômicas e o futuro político. E é bom que o jornalista saiba tudo, tim-tim por tim-tim. Caso contrário, a reação das pessoas é digna de um espetáculo medieval. Os olhares inquisidores se voltam para o profissional, que estava apenas tomando uma cervejinha depois de um dia sofrido de trabalho, e algumas vozes rapidamente entoam como uma canção ironicamente “como um jornalista não sabe isso?”.

É queridos, o jornalista não sabe isso e mais um montão de coisas. Mas sabe um tanto de outras coisas que ninguém valoriza que ele saiba. É considerado sua obrigação e ponto final.O bom jornalista lê muito, estuda muito e busca um eterno reciclar. Isso não é novidade, temos mesmo que saber muito e aceitarmos que nossa profissão é cada vez menos valorizada e o mercado de trabalho mais competitivo. A solução então é comprar bons pés de coelho, arrumar um vaso de trevos de quatro folhas e encher a casa de ferradura de cavalos. Quem sabe funciona.

Um comentário:

  1. Eiiii
    acabei de ler lá no st que hj seria mais um dia de homenagens a lua, oque se passa? o que eu perdi?
    *\o/* quero aber de tudo!!!
    muito legal esse seu blog, nem sabia q vc tinha um =)
    um bijo grande, saudades de te ver online
    um cheiro
    Pattye

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